quinta-feira, 13 de novembro de 2014

INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE

INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE - SUBSÍDIO PARA LIÇÃO BÍBLICA

Em termos práticos as lições que podem ser extraídas dos eventos narrados no capítulo 6 do livro do profeta Daniel podem se dividir em alguns temas perfeitamente aplicáveis à vida do crente dentro e fora do ambiente da igreja.

A Excelência nas Realizações (Dn 6.1-3)

E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte presidentes, que estivessem sobre todo o reino; e sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um, aos quais esses presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano. Então, o mesmo Daniel se distinguiu desses príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino.

A integridade do caráter de Daniel nas tarefas lhe confiadas já era notória entre as principais lideranças do reino. O convite recebido por Dario não foi por acaso. Há crentes que desejam oportunidades de realizações, mas não demonstram competência naquilo que fazem. Convites para grandes empreendimentos são feitos apenas àqueles que alcançam um alto nível de confiança para sua execução.

A atitude de Dario é uma lição para os atuais líderes no diz respeito à necessidade de delegar. Ninguém consegue presidir sozinho e alcançar progresso e sucesso em seu governo, gestão e administração. Delegar é preciso, mas conforme observamos no texto acima, não se delegam grandes responsabilidades a qualquer pessoa. Filhos, genros, noras, cunhados, cunhadas, demais parentes e amigos de alguns líderes recebem delegação sem as mínimas condições de atender às necessidades reais do trabalho. É o conhecido nepotismo. Aos nossos familiares e amigos devem confiadas tarefas e atividades que de fato estejam a altura de realizá-las, caso contrário, sofrerão o líder, o delegado e a obra.

Daniel não apenas cumpriu a missão lhe confiada, mas o fez com um espírito excelente, com esmero, com qualidade, com dedicação, como quem serve ao Senhor e não a homens (Ef 6. 5-8), destacando-se dessa maneira dentre os demais.

A Inveja (Dn 6.4-5)

Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa. Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.

O filósofo e escritor Olavo de Carvalho afirma que: “A inveja é o mais dissimulado dos sentimentos humanos, não só por ser o mais desprezível mas porque se compõe, em essência, de um conflito insolúvel entre a aversão a si mesmo e o anseio da autovalorização. [...] A inveja é o único sentimento que se alimenta de sua própria ocultação.”

A inveja é a podridão dos ossos (Pv 14.30b).

O invejoso é aquele que se entristece, para em seguida arder de ciúmes das conquistas e dos méritos alheios. Ela queria estar, ser e receber o que temos recebido, mas, como não consegue, alimenta silenciosamente esse sentimento nefasto, transformando-o em seguida em ações contra a nossa vida e realizações.

No trabalho, na escola, na faculdade, na igreja, na família, em todos os lugares há os invejosos e os vitimados pela inveja. Basta que nos destaquemos em algo e os invejosos logo se assanham, para depois se revelarem. Eles não conseguem ficar ocultos, nem ocultar seus sentimentos por tanto tempo. Acabam traídos por si mesmos. Você já foi vítima da inveja de alguém? Se já realizastes grandes e excelentes feitos, se de alguma forma te destacastes em algum contexto, com certeza o olhar e a mente dos invejosos já te fulminaram vivo. Não se preocupe com os invejosos, e continue realizando com excelência o que te chegou às mãos para realizar.

Os Invejosos e seus Planos Malignos e Covardes (Dn 6.6-9)

Então, estes príncipes e presidentes foram juntos ao rei e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive eternamente! Todos os príncipes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e governadores tomaram conselho, a fim de estabelecerem um edito real e fazerem firme este mandamento: que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei, confirma o edito e assina a escritura, para que não seja mudada, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogarPor esta causa, o rei Dario assinou esta escritura e edito.

Todo invejoso é um covarde, um traidor, um inimigo disfarçado. Eles geralmente elaboram planos para atingir aquele que é objeto se sua inveja. Com Daniel não foi diferente, nem o será conosco.

Não são poucos, assim acredito, dentre aqueles que estão lendo o presente texto, que já foram atingidos por invejosos covardes. Eu mesmo teria mais de uma experiência para relatar. Enquanto você lê este texto, é provável que algum invejoso esteja armando algo contra você, elaborando um plano para destruir tua carreira profissional ou ministerial, lutando com todas as forças para impedir a tua ascensão.

Para pavor, frustração e desespero deles, ninguém pode impedir os planos de Deus em tua vida! Mesmo que venhamos a sofrer, por fim a vontade de Deus se realizará plenamente em nós e por nós, par ao louvor e glória do Seu santo nome. A covardia de algum invejoso servirá de testemunho e experiência em sua vida para outros, e para as novas e futuras gerações. Se mantenha firme com o caráter cristão lhe outorgado pela Palavra no poder do Espírito.

Infelizmente, há nas empresas e nas igrejas líderes que se deixam levar pelos conselhos dos invejosos, que não pensam antes de agir, que sucumbem diante dos bajuladores. Sim, geralmente os invejosos são também grandes bajuladores dos seus “chefes”. O pior é que tem “chefes” profissionais e eclesiásticos que adoram uma bajulação.

Tal realidade acaba provocando juízo, decisões e ações precipitadas por parte dos líderes. Se algum líder já errou, seguindo o conselho maldoso de algum assessor ou delegado mal intencionado, que buscava o mal de um companheiro seu bem sucedido, espero que já tenha aprendido a lição, e que não repita o erro, par que não venha a sofrer com a injustiça cometida.

A Postura de Daniel Diante da Covardia dos Invejosos (Dn 6.10-15)

Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Então, aqueles homens foram juntos e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus. Então, se apresentaram e disseram ao rei: No tocante ao mandamento real, porventura não assinaste o edito pelo qual todo homem que fizesse uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, seria lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. Então, responderam e disseram diante do rei: Daniel, que é dos transportados de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste; antes, três vezes por dia faz a sua oração. Ouvindo, então, o rei o negócio, ficou muito penalizado e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até ao pôr do sol trabalhou por salvá-lo. Então, aqueles homens foram juntos ao rei e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar.

Repito e insisto que não há como ser próspero nas realizações e não ser invejado. A grande questão é como vamos lidar com a inveja e com os invejosos.

Daniel respondeu aos covardes invejosos e à equivocada resolução do rei com oração. Ele não relativizou os seus valores morais e espirituais. Há crente que negociam valores morais e espirituais para alcançarem ou se manter em altas posições. Estão dispostos a vender a própria alma ao diabo por isso. Conheço muitos assim. Perderam o temor de Deus. Estão enfeitiçados e dominados por suas intensas e loucas vaidades. Querem poder, cargos, tronos, prestígio e reconhecimento a todo o custo. Daniel não buscou tais coisas, elas vieram em sua direção na medida em que se mantinha fiel a Deus e trabalhava com excelência. Quando conquistou altos patamares de confiança e autoridade no reino, Daniel também não se apegou a estas coisas. Não havia para ele nada mais importante do que a sua comunhão com o seu Deus.

Ouvi de um líder conhecido nacionalmente, embriagado por cargos e posições, que o poder não se conquista, se toma. De fato, a ação de tal líder, e de tantos outros embriagados pelo poder, é de que vale tudo para se manter e para se tomar poder. Que o Senhor tenha misericórdia destes.

Deve nos chamar também a atenção, o fato de que as atividades políticas e administrativas de Daniel não lhe roubaram o seu tempo de oração, de intimidade com o Pai celestial. Nossas atuais ocupações profissionais ou eclesiásticas tem nos afastado da oração? Se a resposta for positiva, devemos rever urgentemente as nossas prioridades (Lc 10.38-41).

Na Cova dos Leões (Dn 6.16-24)

Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.

E foi trazida uma pedra e foi posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que se não mudasse a sentença acerca de Daniel. Então, o rei dirigiu-se para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono. E, pela manhã cedo, se levantou e foi com pressa à cova dos leões. E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e, falando o rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?    Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum. Então, o rei muito se alegrou em si mesmo e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus.E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado Daniel e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

Deus permite que soframos temporariamente com as ações dos covardes invejosos. Daniel não escapou, nem tampouco nós escapamos de nossas “covas dos leões”. Na realidade, há um grupo de leões dentro da cova, e outro que fica fora, torcendo por nossa destruição e falência. Deus trata dos dois grupos.

Por uma intervenção divina na história, os leões de dentro da cova não tocaram em Daniel. O instinto animal deles foi neutralizado, de maneira que Daniel ficou intacto. Um mensageiro de Deus fechara a bocas dos leões. Covas de leões não são lugares confortáveis de se estar, mas às vezes são indispensáveis para o nosso crescimento integral. Na cova o Senhor demonstra o seu poder e a sua fidelidade para com os seus filhos amados. Conforme o testemunho do rei, de fato Daniel era um servo do Deus vivo, do Deus que intervém.

Quanto aos leões que ficaram fora da cova, falo dos covardes invejosos, os tais colheram o que semearam. Para eles nenhum anjo foi enviado, e consequentemente, as bocas dos leões de dentro da cova não foram fechadas. Morreram desgraçadamente.

No intuito de matar os outros, os invejosos acabam se matando. No desejo de acabar com a ascensão profissional e eclesial de alguns, os invejosos do alto daquilo que já conquistaram desabam. Os da história aqui narrada perderam os seus assentos de príncipes e presidentes, e acabaram dentro de uma cova, tornando-se ração de feras, tendo os ossos esmigalhados.

A Retratação do Rei, a Glória de Deus e a Contínua Prosperidade de Daniel (Dn 6.25-27)

Então, o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e gente de diferentes línguas, que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada! Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele livrou Daniel do poder dos leões. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa.

Quando o líder erra e toma consciência do seu erro, o mínimo que se espera dele é a retratação e a correção do erro. Assim agiu Dario, assim devem agir todos aqueles investidos de autoridade. Reconhece o erro é um sinal de humildade, dignidade e integridade de caráter.

Em meio a todo o ocorrido, Deus foi mais uma vez exaltado por seu bondoso e poderoso livramento, e seu servo Daniel continuou prosperando em suas realizações. Daniel não sua integridade arranhada pelas feras humanas, nem seu corpo pelos leões.

O episódio deste capítulo 6 de Daniel é lenitivo para as nossas almas, e fortaleza para a nossa fé no Deus vivo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A QUEDA DO IMPÉRIO BABILÔNICO

INTRODUÇÃO
Impérios se levantam e também caem, nenhum governo humano dura para sempre. Na lição desta semana mostraremos essa realidade concretizada na ruína do império babilônico. Inicialmente destacaremos os procedimentos humanos que levaram o império a cair, em seguida, nos voltaremos para a soberania de Deus, que se manifesta através dos seus decretos. Ao final, nos meditaremos sobre o perigo de ser achado em falta por Deus, e a necessidade de um arrependimento iminente e verdadeiro.

1. A QUEDA DE UM IMPÉRIO
Nabucodonosor reconheceu a grandeza de Deus, e se voltou para Ele em adoração, após sua soberba ter sido identificada. O mesmo não aconteceu com seu filho, Belsazar, que mesmo com as advertências proféticas, continuou no caminho da desobediência. As decisões de Belsazar, desconsiderando o testemunho do seu pai, é uma demonstração do livre arbítrio. Conforme instrui a palavra de Deus, devemos ensinar a nossos filhos no caminho do Senhor, mas isso não garante que eles O seguirão (Pv. 22.6). Ao invés de se dobrar diante de Deus, Belsazar preferiu viver de acordo com seus interesses (Dn. 5.22). A queda de um império acontece quando os filhos deixam de trilhar os caminhos da fé de seus pais. Existem países que estão sofrendo porque os filhos não seguem mais a fé dos seus pais. A culpa não é apenas dos governantes, a própria igreja tem se distanciado dos padrões bíblicos. Por causa disso a fé evangélica está deixando de ser relevante, e de atrair a atenção da sociedade. Como Belsazar, muitos jovens estão se desviando da Palavra de Deus, algumas igrejas também não conseguem mais falar a linguagem dos jovens. Não devemos fazer concessões dos princípios cristãos, antes precisamos criar meios para torna-los relevantes a esta geração. Os jovens crentes também precisam buscar mais Deus, e não viverem regaladamente, como fez o filho de Nabucodonosor. Esta geração hedonista está colocando o prazer como um fim em si mesmo, a Babilônia começou a ruir em uma festa (Dn. 5.2). O falta de uma espiritualidade genuína, pautada na Palavra, tem resultado em meros formalismos. A cultura do entretenimento pode produzir distrações espirituais, e comprometer o futuro da juventude.

2. DECRETADO PELO DEDO DE DEUS
Os descalabros cometidos por Belsazar levaram o país à destruição, sua embriaguez fez com que ele perdesse o senso de responsabilidade. Tenhamos cuidados para não perder a lucidez, vivemos em um mundo solapado pela ilusão. Por isso Paulo orienta os crentes de Éfeso para não se embriagarem, antes busquem ser cheios do Espírito (Ef. 5.18). Muitas pessoas estão perdendo muito tempo diante de coisas que distraem a vida espiritual. O exercício da piedade precisa ser reativado na vida de muitos cristãos (I Tm. 4.7,8). As redes sociais precisam ser utilizadas com equilíbrio, caso contrário, poderão levar à destruição física e espiritual. O rei Belsazar foi longe demais, decidiu profanar as coisas sagradas, mostrando seu desrespeito pelo céu. O resultado desse pecado premeditado foi a perturbação, muitos estão perdidos em seu rumo. Os pecados dos seres humanos, e suas drásticas consequências, já é um juízo de Deus, na medida em que esses tiram a paz (Dn. 5.5-9). O homem ceifa aquilo que semeia, as obras da carne podem se transformar em tempestades, e fazer com que os cristãos percam a intimidade com Deus (Gl. 5.17). A alegria do rei de repente se transformou em pavor, sua arrogância foi julgada por Deus. A sabedoria de Deus confunde as astúcias humanas, o Senhor confronta o pecado por meio da Sua palavra (Dn. 5.7,8). Daniel foi levantado por Deus como profeta, para denunciar os desmandos do rei da Babilônia. Uma igreja profética reconhece seus limites na participação política. O envolvimento totalmente submisso às autoridades pode comprometer o caráter profético da igreja. Depois de receber a mensagem de juízo de Deus, o rei Belsazar, ao invés de se arrepender, como fez seu pai, Nabucodonosor, se voltou contra a Palavra (Dn. 5.22). Quando o pecado se aloja no coração das pessoas, elas ficam cegas, e acabam agindo de maneira equivocada, fundamentadas no desejo desenfreado.  A palavra de Deus foi contundente ao rei babilônico: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM.

3. ENCONTRADO EM FALTA
Mene significa contar, isso quer dizer que os dias do rei estavam contados, Deus deu um basta naquele império, por causa da sua desobediência (Dn. 5.25). Tequel significa pesar, isso quer dizer que Deus julgou, e avaliou o império babilônico. Por fim, UFARSIM – PERES significa romper ou dividir, assim sendo, Deus dividiria o reino da Babilônia. Essa divisão aconteceu quando os medos e persas (Dn. 5.28) tomaram o império babilônico. Certa noite, Dario desviou o curso do rio Eufrates e invadiu a Babilônia. Os juízos de Deus virão sobre a humanidade, por isso todos devem depender de Cristo. Ninguém pode ser considerado justo perante Deus, todos pecaram e ficaram distanciados de Deus (Rm. 3.23). O salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), mas a dádiva de Deus é a vida eterna, através de Jesus. Todos nós fomos achados em falta perante Deus, mas Jesus, com Seu amor infindo, nos atraiu para o Pai (Jo. 14.6). O amor de Deus é incondicional, Ele nos atrai para Si, basta apenas crer nEle (Jo. 3.16). O Senhor não quer que as pessoas se percam, antes que se arrependam, e se voltem para Ele (II Pe. 3.9). Mas nem sempre as pessoas estão dispostas a tomarem uma decisão por Cristo. Por causa disso, muitos estão padecendo nestes dias. O juízo de Deus começa pela própria decisão humana de viver por si mesmo. A vida de algumas pessoas tornou-se um inferno, porque optaram por não se entregarem a Deus. Mas o inferno não é apenas aqui, o juízo de Deus vai além, no futuro aqueles que se negaram a viver para Cristo, comparecerão perante o Trono Branco (Ap. 20.11-15). Desse trono muitos tentarão fugir, mas será improvável, pois o Senhor julgará com reta justiça. Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo, mas para os pecadores impenitentes, que agem como Belsezar, o resultado será a condenação (Rm. 8.1). O lago de fogo está preparado para Satanás e seus anjos, e para todos aqueles que querem fazer companhia ao Diabo (Mt. 25.21).

CONCLUSÃO
Os impérios do passado caíram porque as pessoas se distanciaram dos padrões divinos. Esse princípio se aplica às nações, e até mesmo às igrejas contemporâneas. Sem o temor a Deus, que é o princípio da sabedoria, o resultado será a ruína. O julgamento divino, ainda que seja uma doutrina impopular, é uma verdade bíblica. Deus estabeleceu um dia no qual julgará a todos, inclusive as nações, avaliando suas ações. A igreja, nestes tempos difíceis, deve se pautar pela Palavra de Deus, somente assim estará livre do juízo vindouro.  

BIBLIOGRAFIA
LEDERACH, P. M. Daniel. Herald Press: Scottdale, 1994.
WEIRSBE, W. Be resolute: Daniel. David Cook: Ontario, 2008.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

DEUS ABOMINA A SOBERBA

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje daremos continuidade ao tema da intervenção divina na história. Os governantes são servos de Deus, a fim de cumprir responsabilidades, principalmente para o bem da maioria. Mas como aconteceu com Nabucodonosor, nem sempre eles atentam para essa missão, e se ensoberbecem. Primeiramente destacaremos a soberba do monarca babilônico, em seguida, mostraremos que essa é abominação aos olhos de Deus, e ao final, refletiremos sobre a importância da humildade na vida cristã, especialmente para aqueles que estão na liderança.

1. A SOBERBA HUMANA
A natureza caída do ser humano o faz propenso à soberba, principalmente àqueles que ocupam posições sociais mais elevadas. Mas Deus, com sua graça maravilhosa, busca alcançar o pecador, mesmo que este esteja caminhando na direção oposta. No caso de Nabucodonosor, Deus colocou pessoas que acreditavam nEle para influenciar suas decisões. Muito embora o rei tenha se distanciado várias vezes para o orgulho, a presença de Daniel, Hananias, Mizael e Azarias oportunizava que o monarca mudasse suas práticas. O papel dos cristãos nas instituições sociais é bastante importante. Eles podem influenciar positivamente as pessoas através do testemunho, não apenas pelas palavras. Isso porque há aqueles que falam demais, mas não vivem o que dizem, sendo instrumento de escândalo para o evangelho. Várias vezes, por causa da influência de Daniel, Nabucodonosor reconheceu que o Deus daqueles jovens era verdadeiro (Dn. 2.47). Mesmo assim, o rei, talvez por se deixar conduzir pela vaidade humana, preferiu o caminho da exaltação pessoal. A construção de uma estátua de ouro, para ser adorada como divindade, demonstrou sua soberba,  o rei queria que seu governo fosse eterno, mas Deus não dá Sua glória aos homens (Is. 42.8). A fixação no poder pode levar qualquer governo à loucura, como aconteceu com o rei da Babilônia. Existem alguns políticos que enlouqueceram por causa do seu fascínio pelo poder (Dn. 4.17,25,32). O poder, assim como o dinheiro e o sexo, podem se tornar ídolos, diante dos quais muitos se dobram. A busca desenfreada pelo poder, como um fim em si mesmo, é tão maléfica quanto o prática do adultério. Não apenas os pecados sexuais devem ser dignos de disciplina na igreja, mas também aqueles de cunho financeiro e de abuso de poder. Não podemos esquecer que somente Jesus tem toda autoridade no céu e na terra (Mt. 28.18), a liderança da igreja deve conduzir o rebanho com mansidão e sabedoria (I Pe. 5.1,2).

2. É ABOMINAÇÃO
Nabucodonosor teve um sonho que o perturbou bastante, ele viu uma árvore que chegava ao céu, sendo vista em toda terra (Dn. 4.10-18). Aquela árvore, de acordo com a interpretação corajosa de Daniel, era o próprio rei da Babilônia (Dn. 4.19-27). O rei seria retirado do seu cargo e iria viver entre os animais, até reconhecer que Deus é soberano (Dn. 4.25). A restauração do seu reino dependeria da sua disposição para se humilhar diante do Senhor. A soberba tem levado muitos à ruina, não podemos deixar de destacar que esse foi o pecado que transformou Lúcifer em Satanás (Is. 14.14). A soberba de muitos governantes está causando doenças purulentas, alguns deles estão sendo comidos por bichos (At. 12.21-23). A política dos homens se caracteriza pela autopromoção, a propagação dos feitos pessoais, diferentemente do que foi ensinado por Jesus (Mt. 6.3). O princípio bíblico permanece, Deus resiste os soberbos e exalta os humildes (I Pe. 5.5; Tg. 4.6-8). Nabucodonosor, ao invés de dar glória a Deus, colocou-se em primeiro lugar. O uso do pronome exagerado do pronome “eu” pode ser indício de soberba (Dn. 4.30). Toda opulência da Babilônia não foi capaz de resistir ao juízo de Deus. No tempo oportuno o Senhor subjugará todos os reinos da terra, nesse tempo os joelhos se dobrarão para reconhecer que Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.16). Enquanto esse dia não chega, os governos humanos seguem seu curso, de acordo com a vontade do povo. Do mesmo modo que Deus permitiu que Israel tivesse um rei, escolhendo Saul, nos dias atuais, o Senhor deixa que os homens governem. A democracia é um exemplo de exercício dessa escolha, Deus não toma partido, nem pela esquerda, e muito menos pela direita. Essas ideologias são humanas, o reino de Deus somente se concretizará no futuro, quando Cristo reinar.

3. DIANTE DE DEUS
A queda repentina do governo de Nabucodonosor é uma representação do que virá a acontecer no futuro (Dn. 4.31,32). O governo desse monarca foi marcado pela opulência, e assim tem sido a maioria dos governos humanos. Deus abomina aqueles que governam com injustiça, ai daqueles que criam leis para oprimir os mais pobres (Is. 10.1). Os profetas de Deus denunciaram muitos reis, inclusive os de Israel e Judá, que ao invés de favorecerem os pobres, governaram apenas para eles mesmos. Em um processo democrático, Deus delega aos homens a responsabilidade para escolherem seus representantes. Cabe aos cidadãos, inclusive os evangélicos, saber optar por seus candidatos. Essa escolha passa pelo processo de avaliação de desempenho, a partir de critérios não apenas individuais, mas principalmente sociais. Quando Cristo voltar, todos os governos da terra terão fim, então, o Senhor governará com reta justiça. Vários profetas anteciparam as glórias desse reino eterno, que será marcado pela equidade, sobretudo pela paz (Is. 11). Aqueles que têm posição social, incluindo as lideranças eclesiásticas, devem se colocar na condição de servos (Jo. 13). E saberem que um dia prestarão contas a Deus sobre como lideraram, se com autoridade ou autoritarismo. Nenhuma liderança deve fazer promoção pessoal, como João Batista, devem declarar humildemente a supremacia de Cristo (Mt. 3.11). O culto a celebridade, comum também no contexto evangélico, nos envergonha perante a mídia. A construção de obras salomônicas é uma demonstração da vangloria humana. Alguns apóstolos, bispos e pastores estão indo longe demais em sua ostentação. Esses também serão julgados pelo Senhor, quando o Seu trono for estabelecido para julgar as obras (At. 17.31; Ap. 20.11-15).

CONCLUSÃO
Somente o governo de Jesus é para sempre, todos os reinos da terra estão com os dias contados. Mas nem todos os governantes compreendem sua missão na terra, tendo em vista que, para alguns governar é ter posição elevada sobre os demais. Esses que agem com o espírito de Nabucodonosor, que é o do próprio anticristo, serão julgados pelo Senhor, quando vier em glória para estabelecer o Seu reino sobre a terra. Finalmente todos desfrutarão de um governo eterno, marcado pela paz e verdadeira prosperidade.

BIBLIOGRAFIA
CHAPELL, B. The gospel according to Daniel. Grand Rapids: Baker Books, 2014.
WEIRSBE, W. Be resolute: Daniel. David Cook: Ontario, 2008.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A PREPARAÇÃO DO PROFESSOR

Com o chamado para o ensino, o professor deve se preparar para que exerça de exitosa a tarefa que lhe foi dada, pois esta nobre atividade requer dedicação, conforme lemos em Romanos 12:7: "... se é ensinar, haja dedicação ao ensino”.
Este texto trata da preparação do professor da Escola Bíblica Dominical em 04 níveis: espiritual, teológico, secular e pedagógico.
1 – Preparação Espiritual:
O professor da EBD deve se preparar espiritualmente, através da oração, do jejum e da leitura bíblica de forma sistemática. Veja alguns exemplos do mestre Jesus
“... Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar...” Mt 26.36
“E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites...” Mt 4. 1 e 2
            É bom ressaltar que no momento de oração, o professor deve orar também por seus alunos. Ao preparar a aula peça ajuda ao Espírito Santo.
2 – Preparação Teológica:
É muito importante a preparação teológica. Professor, prepara-se para dar aula! Leia pelo menos duas vezes a lição e em seguida procure aprofundar o tema da aula em livros, periódicos e sites confiáveis, para que você se sinta seguro para ministrar o assunto.
3 – Preparação Secular

O preparo secular é outro ponto que o professor não pode negligenciar. Estude sempre, cultive o hábito de ler. Mantenha-se informado sobre os acontecimentos ocorridos na sua cidade, no seu estado, no Brasil e no mundo e procure contextualizá-los com o tema da lição ou com o tipo de aluno que você ensina.
 “Persiste em lê...” I Tm 4.13
“Examinai tudo. Retende o bem”. I Ts 5.21
4 – Preparação Pedagógica
É muito comum encontrar professores da EBD que não possuem formação pedagógica. E agora? Você foi chamado para ensinar, então é necessário que sua preparação seja completa.
Se puder, sugiro que você faça um curso de Pedagogia.  Há muitas facilidades para ingressar em um curso como este, com aulas presenciais e/ou à distância, os preços são também são bons. Fica a dica! Você pode encontrar outras alternativas de tomar conhecimento da pedagogia,  participando de congressos, de conferências, de reuniões pedagógicas etc. Não perca as oportunidades!
Enfatizo a importância do preparo pedagógico, para que você possa compartilhar de forma adequada os conhecimentos referentes a cada lição. Escolha métodos de ensino variados, utilize dinâmicas, leia bons livros pedagógicos, planeje a aula, não improvise, dinamize o ensino, procure envolver os alunos com a aula, mantenha vínculos com os alunos.
Quer ser um professor bem sucedido? Observe e ponha em prática as orientações expostas acima, agregando a alegria e motivação para ensinar.

“Dá Instrução ao sábio e ele se fará mais sábio...” Pv 9.9

Por Sulamita Macedo.

A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA

INTRODUÇÃO
No capítulo 3 do livro de Daniel, Misael, Hananias e Azarias, se depararam com um culto idólatra promovido pelo rei que, por meio de um decreto, obrigou a todos que se curvassem diante de um ídolo. Contudo, eles demonstraram sua fidelidade mantendo-se de pé mesmo sob sentença de morte. Nesta lição, destacaremos algumas virtudes destes
servos do Senhor e o que Deus pode realizar quando alguém se compromete com a sua Palavra, custe o que custar.

I – A PROPOSTA ARDILOSA DO REI NABUCODONOSOR
O registro do capítulo 3 do livro de Daniel sugere claramente que o propósito principal desta parte do livro é diretamente prático e não doutrinário. Como podemos ver, não há predições. A narrativa simplesmente fala do destino dos  três amigos de Daniel na qualidade de firmes confessores da fé (Daniel não aparece no capítulo). “Por que Daniel não foi descoberto em desobediência civil como os três foram, explica-se melhor pela conjectura de que estivesse ausente da  cidade em alguma obrigação oficial” (MOODY, sd, pp. 29,30 – acréscimo nosso).

1.1 A promoção da idolatria(Dn 3.1). O paganismo fazia parte da cultura babilônica. Deuses como Aku, Bel, Nebo dentre outros eram adorados em Babilônia (Dn 1.7; 2.11; 3.12,14,18;5.4,23). A narrativa do capítulo 3 de Daniel elucida  bem esta verdade, pois narra a construção de um ídolo (Dn 3). A descrição de quem a erigiu: Nabucodonosor; o material com que foi feito: ouro; o seu tamanho 30 metros de altura por 3 de largura; e as pessoas convidadas para prestigiar o evento nos mostra quão significativa era esta reunião e quão imponente era a estátua (Dn 3.1,2). Há três opiniões principais entre os estudiosos da Bíblia sobre que tipo de ídolo era esse que foi construído por Nabucodonosor:
(1ª) Talvez ele estivesse tentando reproduzir a estátua que vira em sonho (Dn 2.31-49); (2ª) podia estar homenageando seu padroeiro, Nebo, ou alguma outra divindade; e, (3ª) poderia ser uma imagem de si mesmo na tentativa de autodeificar-se, o que era uma prática pagã comum aos grandes conquistadores (Jz 8.27; II Sm 18.18; Dn 4.29,30). A Bíblia condena veemente a prática da idolatria (Êx 20.2-4,23; Lv 19.4; 26.1; Dt 7.5,25; 12.3; I Rs 14.9; Is 2.8,9; 57.5; Jr 1.16; At 15.28,29; I Co 10.14; Cl 3.5; I Pe 4.3; I Jo 5.21).

1.2 A unificação da religião. A política de Nabucodonosor após conquistar cidades era de torná-las colônias de exploração exigindo o pagamento de tributo (II Rs 24.1; 36.10), e conduzir cativos à elite do reino para que estes pudessem auxiliá-lo na administração do seu império (Dn 1.3-5; 3.4,5). Sabedor de que os seus conquistados eram de outras religiões, Nabucodonosor, intentou na construção dessa grande imagem de escultura fazer com que seu governo fosse supremo em tudo, tanto no aspecto civil quanto religioso, promovendo um grande culto ecumênico (Dn 3.3-5).
“Inicialmente, o ecumenismo era a concretização do ideal apostólico de agregação de todos os que professam o nome de Cristo. Com o passar dos tempos, porém, a palavra foi sendo desvirtuada até ser tomada como um perfeito sinônimo para o sincretismo religioso. Os que buscam semelhante universalidade, pregam a união indistinta entre protestantes, católicos, judeus, espíritas, budistas etc. Tal união é contrária ao espírito das Escrituras; tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são exclusivistas em matéria de fé e prática” (Lv 20.23-27; II Co 6.14-18) (ANDRADE, 2006, pp. 156,157).

1.3 Um decreto real nocivo(Dn 3.4-5,10). Para forçar os convidados adorarem a estátua, o sagaz Nabucodonosor através do arauto anunciou que a homenagem aquele ídolo tinha a força de um decreto “Tu, ó rei, fizeste um decreto” (Dn 3.10-a). O Aurélio diz que um decreto é uma “determinação escrita, emanada do chefe do Estado, ou de outra autoridade superior” (FERREIRA, 2004, p. 608). Diante disto, não adorar a imagem era estar em desobediência civil a autoridade constituída. A Bíblia recomenda que o servo de Deus esteja sujeito a autoridade e a obedeça (Dn 3.12; 6.10,11; Lc 20.22-
25; Rm 13.1-7; I Tm 2.1,2; I Pe 2.17). Todavia, quando a autoridade cria leis e decretos que contrariam a Palavra de Deus, que é a nossa regra de fé e prática, devemos preferir a vontade soberana do Senhor (Lc 12.31-33; At 5.27-29).

1.4 A pena capital(Dn 3.6,11). Nabucodonosor parecia prever que alguns daqueles líderes que foram convidados para a cerimônia de consagração da estátua se opusesse a prostrar-se perante ela, por isso providenciou uma penalidade, um castigo severo para o que procedesse assim “E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente” (Dn 3.6). A fornalha de que se refere o texto “trata-se de um forno grande, com abertura no alto, usado para moldar coisas (Dn 3.22,23). Ao nível do chão havia uma porta, por onde o metal era extraído (Dn 3.26). Esse tipo de forno recebia o combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos quadro lados. Ele era usado para infligir punição capital por parte dos persas (Jr 29.22; Os 7.7). Usualmente tinha forma de cúpula” (CHAMPLIN, p. 808, 2004 – acréscimo nosso). Como podemos ver, o verdadeiro servo de Deus está disposto a sofrer o pior dos castigos que contrariar a vontade do Senhor (Dn 6.10-17; Hb 11.34-38).

II – A POSTURA FIRME DOS SERVOS DE DEUS
Após o anúncio do arauto e o toque dos instrumentos, os líderes que ali estavam dobraram-se diante da estátua de ouro (Dn 3.7). Todavia, o registro bíblico acrescenta que três judeus: Misael, Hananias e Azarias, mantiveram-se de pé.
Por isso, foram acusados pelos caldeus de desrespeito ao rei “não fizeram caso de ti”, deslealdade “a teus deuses não servem” e desobediência “nem adoram a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.12). Com essa postura, eles revelaram possuir características que autenticam um verdadeiro servo de Deus. Destacaremos algumas:

2.1 Coragem(Dn 3.16-18). O texto bíblico nos mostra que era necessário muita coragem por parte destes homens judeus de se contrapor a vontade do seu patrão Nabucodonosor, estando cientes de que não ficariam impunes por isso. O Aurélio define coragem como: “bravura em face do perigo. Intrepidez, ousadia” (FERREIRA, 2004, p. 549). “Um homem corajoso é aquele que não recua diante de consequências adversas, na realização do seu dever. A coragem é uma qualidade mental que leva o homem a enfrentar perigos ou oposição com intrepidez, calma, firmeza e propósito” (CHAMPLIN, p. 899, 2004). A Bíblia exorta-nos a sermos corajosos (Sl 31.24; Pv 24.10; Lc 12.4,5; I Pe 3.14).

2.2 Fidelidade(Dn 3.12,18). A expressão “fidelidade” advém da palavra “fiel” que significa: “que cumpre aquilo a que se obriga; leal” (FERREIRA, 2004, p. 894). Esta virtude é fruto do Espírito (Gl 5.22), que por sua vez é característica fundamental na vida de todo aquele que serve a Deus (Nm 12.7; I Sm 12.24; Pv 12.22; I Tm 4.10,12; Ap 2.10). “Os três homens poderiam ter transigido com o rei e defendido sua desobediência com argumentos como: 'todos estão fazendo  isso', ou 'é uma das obrigações de nosso cargo', ou ainda 'dobraremos nossos joelhos, mas não o nosso coração'. Poderiam ter dito: 'podemos ser mais úteis para nosso povo como oficiais à serviço do rei do que como cinzas na fornalha do rei'.
Contudo, a verdadeira fé não procura brechas para escapar; simplesmente obedece a Deus e sabe que ele fará aquilo que for melhor. A fé baseia-se em ordens e em promessas, não em argumentos e explicações” (WIERSBE, 2008, p. 324).

2.3 Determinação(Dn 3.16,17). Determinado é alguém “decidido, resolvido” (FERREIRA, 2004, p. 667). É o que estes  homens de Deus mostraram ser diante da proposta de Nabucodonosor de se curvarem diante da imagem e pouparem suas  vidas da morte “não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.18-b). Aquele que é determinado em agradar a Deus ele o faz em todo tempo. Estes homens assim que chegaram a Babilônia juntos com Daniel assentaram no seu coração de não se contaminar (Dn 1.8). Passado um tempo, eles serviam ao Senhor mantendo a mesma fidelidade. Essa virtude foi reconhecida pelo próprio Nabucodonosor (Dn 3.8).

2.4 Capacidade de renunciar(Dn 3.18-20). Do que poderemos abrir mão a fim de comprovarmos nossa fidelidade a Deus e aos homens? Misael, Hananias e Azarias mostraram que estavam dispostos a renunciar a própria vida, se preciso  fosse. O martírio é preferível à apostasia. O texto deixa claro que eles não sabiam se Deus iria livrá-los, mas mesmo assim permaneceriam fiéis até a morte (Dn 3.17,18). O verdadeiro servo do Senhor está disposto a abrir mão de qualquer coisa por amor ao seu Deus (Gn 12.1-3; 22; Fp 3.5-8; Hb 11.24-27).

III – A PROVIDÊNCIA DIVINA NA FIDELIDADE HUMANA
Tanto os hebreus como o Deus deles foi afrontado por Nabucodonosor (Dn 3.15). Contudo, nesta ocasião o Senhor resolveu intervir trazendo três benefícios aos seus servos, a fim de mostrar a Nabucodonosor, aquela multidão, aos três judeus e a todos aqueles que lhe obedecem, que para Ele nada é impossível (Gn 18.14; Lc 1.37).

3.1 Livramento. O rei furioso mandou lançar os judeus amarrados dentro de fornalha. Todavia, algo extraordinário aconteceu, aqueles hebreus não sofreram queimadura alguma, porque Deus estava com eles dentro do forno aniquilando o poder do fogo, livrando-os da morte conforme asseverou e viu o próprio Nabucodonosor (Dn 3.25).

3.2 Honra. A Bíblia ensina que aquele que honra a Deus por ele será honrado (I Sm 2.30; Jo 12.26). “Diante do grandioso milagre operado por Deus, o monarca babilônico firma em seu coração um propósito pelo qual a soberania do verdadeiro Deus fosse reconhecida e aceita por todos os povos sob seu governo. Nabucodonosor reconhece isso e declara: “porquanto não ha outro Deus que possa livrar como este” (Dn 3.29-b)” (SILVA, 1986, p. 69).

3.3 Prosperidade. Após o ocorrido, aqueles homens de Deus foram promovidos por Nabucodonosor “Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província deBabilônia” (Dn.3.30). Deus recompensa tanto nesta vida quanto no porvir aqueles que lhe servem de forma agradável (Dn 12.13; II Tm 4.8).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, Deus glorificou o seu nome proporcionando livramento aos três judeus que se propuseram honrá-lo mesmo correndo risco de morte. Devemos agir de forma semelhante diante das atuais propostas do inimigo. Não devemos jamais abrir mãos de valores inegociáveis.

REFERÊNCIAS
• ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O DEUS QUE INTERVÉM NA HISTÓRIA

Introdução
O primeiro versículo introduz o sonho de Nabucodonosor como ocorrência do segundo ano de reinado. Os estudiosos do Antigo Testamento concordam que neste tempo o profeta Daniel era bem jovem e há três anos ele fora deportado para a Babilônia.
Primeiro Episódio (vv.2-13)
O primeiro relato do sonho imperial revela Nabucodonosor chamando os Magos, os Astrólogos, os Encantadores, e os Caldeus, isto é, todos os sábios e os feiticeiros do império para interpretarem o sonho. Os intérpretes pediram ao rei que lhes contasse o sonho para em seguida o decifrarem. Nabucodonosor recusou afirmando: "se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo". O rei não se contentava somente com a interpretação, pois os adivinhadores teriam também de prenunciar o sonho.
Segundo Episódio (vv.14.24)
O capitão da guarda do rei, Arioque, saiu para matar os sábios. Quando Daniel prudentemente o interrogou sobre a ordem imperial. Recebendo a explicação de Arioque o profeta solicitou uma audiência ao rei e pediu um tempo para contar o sonho e dar a interpretação. Daniel procurou os seus amigos para buscarem a DEUS. O Senhor os respondeu!
Terceiro e Ultimo Episódio (vv.25-45)
Levado por Arioque ao rei Nabucodonosor, Daniel lhe contou o sonho e o interpretou. Chocado, o rei da Babilônia prostrou-se aos pés de Daniel e reconheceu a sabedoria que lhe fora dada pelo DEUS de Israel.
Conclusão (vv.46-49)
A conclusão do capítulo dois é surpreendente. Nabucodonosor promoveu Daniel ao mais alto cargo imperial e a pedido do profeta elevou os seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego às altas posições.
O segundo capítulo revela-nos que o Reino de DEUS não se confunde com o reino dos homens. Segundo o conselho da sua soberania, o Eterno intervém na história humana. Ele trabalha a fim de que todos os moradores da Terra reconheçam a sua majestade e, em CRISTO, resistamos as injustiças do governo humano.
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.

sábado, 11 de outubro de 2014

JOVENS DE CARÁTER

Os quatros heróis de Daniel se sobressaíram entre todos os vencedores do rigoroso exame. Esses pertenciam aos filhos de Judá e a tinham reputação de serem  da linhagem de Davi. Eles eram Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Esses quatro jovens de Judá, por intermédio dos seus nomes, testemunhavam do único e verdadeiro Deus. Quaisquer que tivessem sido as limitações do seu ambiente religioso em Judá, seus pais lhe deram nomes que serviam de testemunho ao Deus que serviam: Daniel significa: 'Deus é meu juiz'; Hananias significa: 'O Senhor tem sido gracioso ou bondoso'; Misael significa: 'Ele é alguém que vem de Deus' e Azarias declara: 'O Senhor é meu Ajudador'. A continuação da historia claramente indica que, embora outros pais em Judá pudessem ter falhado em relação à educação dos seus filhos, os pais desses meninos tinham dado a eles uma base sólida em relação às convicções e responsabilidades dignas dos seus nomes. Seu treinamento piedoso havia cultivado profundas raízes de caráter.

(Comentário Bíblico Beacon. Vol 4. 1º ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 503)