INTRODUÇÃO
A sociedade
moderna está impregnada pela ideia do sucesso, muitas vezes alcançado a
qualquer custo, sem qualquer consideração ética, mais que isso, sem o aval
divino. Na aula de hoje estudaremos a respeito dos perigos da busca desenfreada
pela autorrealização pessoal, ressaltando, sobretudo, as implicações que essa
pode trazer, quando distanciadas dos princípios divinos. Destacaremos, na aula
de hoje, que a autorrealização pressupõe uma ética, e que essa deve se
respaldar nos princípios cristãos.
1. A AUTORREALIZAÇÃO
HUMANA
Nas livrarias
os livros que mais são vendidos são aqueles que motivam à autorrealização,
esses são comumente reconhecidos como “autoajuda”. Isso porque se fundamentam
na concepção de sucesso, independentemente de Deus. O mundo empresarial comprou
essa concepção, que é considerada normal em um contexto no qual Deus se tornou
desnecessário. Em consonância com Tiago, devemos ter cuidado com a
competitividade exacerbada que predomina nos mundo dos negócios, e que, às
vezes, está sendo adotado dentro das igrejas. As desavenças no âmbito
eclesiástico não têm o respaldo divino (Tg. 4.1). As invejas e cobiças estão
sendo colocadas em um patamar que os outros deixam de ser considerados. Há até
aqueles que oram com intento de satisfazerem suas vaidades (Tg. 4.3). Devemos
tomar cuidado com essas orações, na maioria das vezes elas refletem os desejos
mais ocultos, e em alguns casos, sentimentos de ganância. Alcançar determinados
espaços não pode ser a razão de ser, a competitividade também tem limites, o
respeito ao próximo continua sendo o padrão ético de Jesus (Mt. 22.37). Paulo,
em consonância com a mensagem de Tiago, nos orienta a deixar morrer nossos
membros, para não sermos controlados pelas nossas paixões (Cl. 3.5-9). Não há
limite para a cobiça, em uma sociedade de consumo, quanto mais se tem mais se
quer. A propaganda incita à inveja, a buscar primeiro nossos interesses, e
colocar os outros em segundo plano, inclusive o reino de Deus. Mas Jesus nos
ensina que devemos colocar o reino de Deus primeiro, e as coisas necessárias
nos serão acrescentadas (Mt. 6.33). Como o salmista, nosso maior desejo deve
ser agradar a Deus, Ele precisa ser sempre nosso maior anelo (Sl. 63.1).
Devemos lembrar sempre que o cristianismo nada tem a ver com esses padrões
absorvidos pela sociedade. A igreja precisa ser diferente, não apenas no modo
de vestir, mas também em seu proceder. Como bem destacou Kierkegaard, “no dia
que o cristianismo e o mundo se tornarem amigos, o cristianismo deixará de
existir”.
2. O PERIGO
DA AUTORREALIZAÇÃO
Esse sistema de
autorrealização em que os fins justificam os meios não é cristão, é diabólico.
Não devemos esquecer que o mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19) e que Satanás, o
deus deste século, cegou o entendimento das pessoas (II Co. 4.4). Destacamos
algumas das tendências atuais: valorização do temporário em detrimento do
eterno (I Co. 7.32,33), a cobiça dos olhos, através da ostentação de bens, que
alimenta a soberba da vida, não provém de Deus (I Jo. 2.16); e o desejo
desenfreado de ter sempre mais, ao ponto de perder a própria vida (Mt. 16.26;
Lc. 9.25). A parábola contada por Jesus, a respeito do rico insensato, deve
servir de alerta a todos aqueles que se entregam desordenadamente aos
interesses mundanos (Lc. 12.19-21). Muitas pessoas estão trocando o tesouro
celestial, que a traça não corrói nem a ferrugem o atinge, pelos tesouros
terrenos (Mt. 6.21). Tenhamos cuidado para não nos deixar levar pelo pensamento
da maioria, nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, como se costuma dizer.
Fomos alcançados pela graça de Deus, e essa nos reclama a um modo de viver
diferenciado, que não se pauta pelo mundanismo (Tt. 2.11,12). Os valores deste
mundo nada têm a ver com os princípios da Palavra de Deus (I Jo. 2.15).
Enquanto que a sociedade exalta aqueles que conseguiram “vencer na vida”, a
mensagem evangélica diz “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos
humildes” (Pv. 3.34; Tg. 4.6). Existe um ranking daqueles que são considerados
os mais ricos do mundo, e esse é divulgado todos os anos pelas principais
revistas internacionais. Mas será que esses mesmos ricos podem ser considerados
assim do ponto de vista de Deus? Os critérios do Senhor em relação ao sucesso
são diferentes daqueles apregoados pelo mundo dos negócios. Na perspectiva divina
o modelo de sucesso é o de Jesus, que se esvaziou, tomando a forma de servo, de
igual modo, devemos considerar sempre os outros superiores a nós mesmos (Fp.
2.3). A fé cristã não exalta, ou pelo menos não deveria, aqueles que
conseguiram seu “lugar ao sol”. A preocupação dos cristãos, como foi a de
Cristo, deve ser com aqueles que se encontra em condição de vulnerabilidade. O
auxílio aos mais pobres é uma missão a ser perseguida por todos os cristãos,
levando às pessoas o evangelho integral, que percebe tanto o corpo quanto o
espírito.
3. O
EQUILIBRO NAS REALIZAÇÕES
A busca pela
realização pessoal necessariamente não é pecado, todas as pessoas podem
estudar, também comercializar, mas a soberba não deve ser o fundamento de
qualquer empreendimento. Em tudo que fazemos devemos estar debaixo da sujeição
de Deus, nada temos ou podemos ter sem que Ele nos permita. Ao invés de seguir
os ditames deste mundo tenebroso, devemos ouvir a Palavra de Deus, e escolher
ir após Jesus, como seus discípulos (Mt. 16.24-28). Para isso precisamos
resistir ao diabo, revestindo-nos de toda armadura de Deus (Ef. 6.10-18), não
nos dobrando aos seus ardis (Tg. 4.7; I Pe. 5.7,8). Quando mais nos aproximamos
de Deus, mais nos distanciamos do alcance de Satanás (Tg. 4.8). O autor de
Hebreus nos chama à aproximação de Deus, com um coração sincero e repleto de fé
(Hb. 10.22). A adoração ao Senhor é o caminho por meio do qual nos achegamos ao
trono da graça, o próprio Deus busca adoradores, que o fazem em espírito e em
verdade (Jo. 4.24). É nessa disposição que podemos trabalhar, estudar e fazer
qualquer coisa, tudo na fé em Cristo Jesus, que a todos abençoa (I Co.
10.31-33; II Tm. 3.16; I Pe. 2.9). Os cristãos não podem fazer parte do mundo
(satânico), mas estão no mundo (físico) a fim de atrair o mundo (pessoas) para
Deus. Nessa missão, devemos ter cuidado para não sermos engodados pelos padrões
que podem nos distanciar de Deus. Não precisamos entrar nessa competitividade
doentia, confiemos no Senhor, assim como fez Abraão (Gn. 13.8). Os cristãos não
estão impedidos de estudarem, buscar promoções no trabalho, mas estão limitados
pela ética bíblica. Atitudes que envergonham o evangelho não deve ser
utilizadas para se alcançar determinado fim. As mãos dos cristãos devem estar
limpas, nada de duplo ânimo, isto é, procedimentos contraditórios (Tg. 4.8).
Não somos cristãos apenas durante o período que estamos dentro do templo, mas
em todos os momentos da vida, vinte e quatro horas por dia.
CONCLUSÃO
Mas para
aqueles que se arredaram com o pecado, Tiago nos traz uma mensagem de
esperança. É preciso sentir a miséria da condição de distanciamento de Deus, e
lamentar o desejo de autorrealização fora dos padrões bíblicos. A conversão é
uma possibilidade, que se concretiza na vida daqueles que abandonam o orgulho.
O sucesso, como um fim em si mesmo, não tem respaldo escriturístico. A
advertência de Jesus nesse sentido é enfática: “Ai de vós, que estais fartos,
porque tereis fome, ai de vós, o que agora rides, porque vos lamentareis e
chorareis” (Lc. 6.25).
Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com
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