"Os presbíteros tomavam parte
ativa no apascentamento da igreja (cf. At 20.28) e também no ensino, pois uma
das qualidades exigidas do candidato ao presbitério era que fosse 'apto para
ensinar' (cf. 1 Tm 3.2). Os presbíteros constituíam um corpo auxiliar no
governo da igreja, sob a presidência do pastor. Convém salientar que os
ministros também se consideravam presbíteros. O apóstolo Pedro escreveu para os
presbíteros que ele também era presbítero (cf. 1 Pe 5.1), e o apóstolo João
considerava-se ancião (cf. 2 Jo 1) ou presbítero (cf. 3 Jo 1). Apesar
de os presbíteros não serem ministros da Palavra, os ministros,
necessariamente, eram presbíteros. Assim ficava distinguida a liderança que
lhes fora dada por Deus."
Gostaria de fazer alguns comentários,
acerca do referido texto;
1. Entendo que os presbíteros não
constituíam apenas um "corpo auxiliar no governo da igreja sob a
presidência do pastor". À luz do Novo Testamento, o presbítero poderia ser
o próprio pastor:
"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre
vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda
co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho
de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por
sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo
Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória." (1 Pe
5.1-4)
A designação "pastor", do
grego poimen (ποιμήν), fala-nos da atividade de "cuidar
do rebanho", que envolvia: alimentar, guiar, cuidar (cf. VINE, p. 856,
2003). Dessa forma, os presbíteros, do grego presbuteros (πρεσβύτερος),
literalmente "homem idoso, ancião, os que cuidam espiritualmente da
igreja" (idem, p. 396, 2003), que assim exerciam seus presbitérios, eram
chamados de "pastor".
2. Não havia a citada distinção entre
"ministros" e "presbíteros". Os presbíteros eram também
ministros. Nem mais, nem menos que isso.
3. O pastor que "presidia",
na realidade, sempre que exercia essa função, era chamado de "bispo",
do grego episkopos (ὲπίσκοπος),
"literalmente, 'inspetor' (formado de epi, 'por cima de',
e skopeo, 'olhar' ou 'vigiar', é encontrado em At 20.28; Fp 1.1; 1
Tm 3.2; Tt 1.7; 1 Pe 2.25. (VINE, p. 434, 2003).
4. Existe uma aparente dificuldade, no
texto aqui questionado. A Declaração "uma das qualidades exigidas do
candidato ao presbitério era que fosse 'apto para ensinar' (cf. 1 Tm
3.2)", parece entrar em contradição com "Apesar de os presbíteros não
serem ministros da Palavra [...].
5. A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre "Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos" ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)".
5. A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) afirma em sua nota sobre "Dons Ministeriais para a Igreja" que: "Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também chamados "presbíteros" (At 20.17; Tt 1.5) e "bispos" ou supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.17)".
6. Por fim, na obra "O pastor
pentecostal: um mandato para o século XXI", também publicado pela CPAD, na
pág. 110, encontramos o seguinte:
"Alguns aludem a 1 e 2 Timóteo e
Tito como o "Manual do Pastor", por causa das preciosas instruções e
qualificações dadas ao ministério e à igreja. Em 1 Tm 3, há orientações muito
específicas a todo aquele que aspira ao pastorado. Observe a afirmação que
segue: "Para efeito de esclarecimento, os títulos 'bispo', 'presbítero' ou
'ancião' e 'pastor' são usados intercambiavelmente na Escritura e referem-se ao
mesmo ofício, mas expressam responsabilidades diferentes, como supervisão administrativa,
liderança espiritual e ministério, bem como alimentar e atender o rebanho de
Deus. Em Atos 20, todos os três conceitos - bispo, ancião e pastor - são usados
em referência aos líderes da igreja em Éfeso." (TRASK et ali, p. 110,
1999)
Dessa forma, parece que tudo fica
esclarecido, cabendo, salvo melhor juízo, uma nota teológica de esclarecimento
nas próximas edições de "Introdução à Teologia Sistemática", de
Eurico Bergstén, este que foi um grande baluarte e mestre das Assembléias de Deus
no Brasil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGSTÉN, Eurico. Introdução à
Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
BÍBLIA. Português. A Bíblia
sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2004. Revista e atualizada no Brasil, 2. ed.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
MENDES, José Deneval. Teologia
Pastoral. 9 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
TRASK, Thomas E. et ali. O
pastor pentecostal: um mandato para o século XXI. Trad. Luís Aron de
Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE
JR, William. Dicionário VINE: o significado exegético e expositivos das
palavras do Antigo e Novo Testamento. Trad. Luís Aron de Macedo. 2. ed. Rio de
Janeiro, 2003.
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