Imaginemos a seguinte situação:
É manhã de domingo. No templo, temos
aproximadamente 200 irmãos distribuídos em 10 classes, num mesmo ambiente.
Todos os professores precisam falar de uma forma que seus alunos lhe escutem.
Dentre eles, há os que em nome do “poder de Deus” não controlam a intensidade
da voz, pois acham que quanto mais alto falarem, mais espiritualidade
demonstrarão ter.
É preciso lembrar também que dentre
essas classes, cinco são de crianças e duas de adolescentes, que precisam fazer
uso de cânticos e dinâmicas como recursos e métodos pedagógicos. Adicione a
tudo isso o fato de que o templo pode estar localizado numa rua ou avenida de
intenso movimento de pedestres e veículos. No que tudo isso vai resultar?
Barulho!
Por barulho, entendemos todo ruído e
som que está acima dos níveis normais de sensibilidade da nossa audição,
provocando uma sensação de desconforto. As Escolas Dominicais sofrem os males
do barulho, dentre outros motivos, pelo fato da maior parte delas funcionarem
dentro do templo, onde as salas de aula são separadas apenas por alguns bancos,
a poucos metros de distância umas das outras.
É quase impossível não conhecer alguém
que deixou de frequentar ou nunca foi aluno da ED por causa do barulho. Tal
situação precisa ser considerada e solucionada.
Consequências do Barulho na ED
- Evasão escolar. A evasão escolar é uma das grandes
vilãs da ED. Conquistamos alunos com certa dificuldade e, ao mesmo tempo, os
perdemos com uma facilidade assustadora. Um aluno insatisfeito não apenas
apresentará resistência para retornar à ED, como também poderá promover uma
imagem negativa da mesma, podendo assim afastar outros. Procure saber em sua
igreja, quantos irmãos não frequentam a ED alegando o problema do barulho. Os
números vão lhe surpreender.
- Interferência no processo ensino-aprendizagem. No processo
ensino-aprendizagem, o fator comunicação (do latim comunicare,
participar, dividir alguma coisa com alguém) é imprescindível. Quanto menos
ruído entre transmissor e receptor, mais o ensino fluirá com clareza e
produtividade.
- Problemas auditivos. Sons e vibrações acima dos níveis
previstos pelas normas legais podem causar problemas irreversíveis na audição.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que o limite suportável para o
ouvido humano é de 65 decibéis. Ultrapassada essa medida, a pessoa corre o
risco de perder totalmente a audição. A Associação Brasileira de Normas
Técnicas limita entre 40 e 50 decibéis o nível de som em ambientes fechados.
- Estresse. O som e os altos ruídos fazem com que
o cérebro produza uma quantidade extra de adrenalina, o que faz subir a pressão
arterial, gerando desta forma estresse, perturbação, inquietação e desconforto.
Esses sintomas consequentemente acabam cooperando para um estado emocional
desfavorável ao ensino-aprendizagem.
Em Busca de Soluções
Dependendo das circunstâncias e da
realidade de cada ED, os problemas relacionados ao barulho podem ser resolvidos
ou minimizados a curto, médio ou longo prazo. Dentre as medidas que sugerimos,
estão:
- Promover um trabalho de
conscientização e reeducação dos nossos professores quanto ao cuidado com a
intensidade da voz durante a ministração das aulas. Isso nem sempre é fácil,
principalmente quando o professor não consegue ter uma visão crítica de si
próprio, e de sua prática pedagógica. Cursos de capacitação e formação
continuada são ótimas oportunidades para “trabalhar” o professor.
- Procurar organizar as crianças e
adolescentes em salas separadas, no prédio anexo ao templo (quando existir),
respeitando as condições ambientais necessárias para o ensino, tais como
iluminação, ventilação, mobília apropriada, etc. Tal medida requer um
entendimento de que se nossas crianças e adolescentes se sentirem bem cuidados,
respeitados e valorizados, certamente durante toda a sua vida cristã irão
valorizar e promover a ED.
- Fazer parcerias com escolas da rede
municipal, estadual, federal ou particulares, usando suas instalações para
acomodar a ED. Essa prática já é uma realidade em muitas regiões com resultados
bastante satisfatórios, uma vez que possibilita a cada grupo de alunos ter uma
sala própria. O difícil aqui é quebrar a tradição das aulas no templo.
- Projetar e construir templos com uma
estrutura adequada para o funcionamento da ED, tendo em vista a enorme
colaboração e retorno que ela proporciona para o crescimento da igreja, em
termos numéricos (evangelização) e em maturidade cristã (educação). Embora isso
implique em maiores investimentos, o tempo produzirá os resultados desejados.
- Orar para que o Senhor nosso Deus
derrube todas as barreiras espirituais e humanas que tentam impedir o
crescimento da ED, dando sabedoria, visão e dinamismo para os que amam esse
projeto divino.
Obs: Texto de minha autoria (Altair Germano), publicado na Revista Ensinador Cristão (CPAD), Nº 27, 3º. Trimestre de 2006.
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